Você acorda com dor de cabeça? Ou com dores na mandíbula e nos músculos do rosto e do pescoço? Um zumbido no ouvido? Talvez você não saiba, mas pode estar sofrendo com bruxismo!
Apesar do nome esquisito, o bruxismo nada tem a ver com bruxas: o termo teve origem a partir de brychein, do grego, que significa “ranger de dentes” ¹. O distúrbio é basicamente isso: são alterações no movimento caracterizadas pelo ranger e cerrar os dentes. ² Parece um problema simples, mas não é bem assim.
Bruxismo OU Briquismo
O bruxismo ocorre durante o sono, e por isso, o ranger ou apertar dos dentes ocorre de forma inconsciente ¹. Os indivíduos podem chegar a emitir sons mesmo sem perceber, uma vez que estão dormindo. Geralmente, os sons são percebidos pelos parceiros que dormem com a pessoa.
Já o briquismo ocorre durante o dia: o paciente está em vigília e, de forma semivoluntária ¹, a mandíbula aperta os dentes. Neste caso, não há o barulho de ranger dos dentes e o indivíduo pode perceber a pressão ou mesmo ignorá-la, por estar relacionada a um tique nervoso ou mesmo a um hábito.
Além do estado de consciência (acordado ou dormindo), o bruxismo e o briquismo se diferenciam no estado fisiológico, tendo diferentes influências da excitabilidade oral motora ¹.
Consequências
Além das dores de cabeça e tensões musculares relatadas no início do texto, o ranger e apertar dos dentes podem levar a consequências mais graves.
Apertar os dentes pode fazer com que eles fiquem doloridos e soltos. Os dentes também podem ficar desgastados e ter seu esmalte desgastado, sendo necessário o tratamento odontológico.
O distúrbio também pode danificar a gengiva e a articulação da mandíbula, levando ao desenvolvimento da síndrome da articulação temporomandibular. O Bruxismo também pode levar a problemas que envolvam a articulação da mandíbula, como síndrome da articulação temporomandibular ³, alterações do sono, prejudicar a qualidade de vida ⁴ e, ainda, gerar conflitos sociais e conjugais ⁵, devido aos barulhos que podem atrapalhar o sono do(a) parceiro(a).
Como descobrir se tenho bruxismo?
O bruxismo é um hábito inconsciente, ou seja, muitas pessoas podem nem mesmo perceber que estão apertando os dentes e só descobrem quando alguém comenta que elas fazem um som horrível de ranger de dentes enquanto estão dormindo.
Já outros pacientes recebem o diagnóstico ao realizar uma consulta no dentista para tratar os sintomas que já estão presentes.
Por isso, para descobrir se você tem bruxismo, não ignore os sinais que seu corpo te dá. Se você acorda com dores nos músculos faciais, do pescoço e na mandíbula ou com dor de cabeça, não negligencie: procure um médico para fazer uma avaliação.
Também é importante manter consultas de rotina com o seu dentista, para que o profissional possa acompanhar como está a saúde da sua boca.
Outros dados interessantes se referem à prevalência do bruxismo: cerca de 20% da população adulta ⁵ mundial sofre com o distúrbio e não há diferenças entre homens e mulheres ².
A prevalência é maior entre crianças maiores de 11 anos de idade, com uma taxa entre 14% a 20% ¹ dos indivíduos sendo afetados. Essa taxa se reduz ao longo da vida: após os 60 anos, apenas 3% ¹ dos idosos sofrem com o bruxismo. Mesmo assim, é importante ficar atento(a) e não deixar de consultar o dentista!
Também devemos prestar atenção aos fatores de risco. O bruxismo possivelmente está ligado a questões genéticas, fatores fisiopatológicos e periféricos ² e problemas psicossociais.
Além de problemas de oclusão ou de fechamento adequado da boca, outro fatores de risco ⁴ são a apneia obstrutiva do sono (os roncos), sonolência diurna moderada, consumir álcool em excesso, beber cafeína e fumar. O estresse e a ansiedade ⁵ também são fatores importantes.
Existe solução?
Uma solução para o bruxismo não existe, mas é perfeitamente possível controlar o distúrbio e melhorar a qualidade do sono e da sua qualidade de vida.
Além de procurar evitar os fatores de estresse, como fumar, beber álcool e cafeína e evitar situações estressantes, alguns tratamentos estão disponíveis.
Abordagens com medicamentos, mudanças comportamentais e correção oclusal ² são algumas das possibilidades. Também é comum o uso de placas dentárias que evitam a pressão sobre os dentes durante a noite, sendo fundamental o acompanhamento de um dentista.
Mais recentemente, a aplicação de toxina botulínica ⁶ também tem se mostrado efetiva para o tratamento do distúrbio.
Muita gente não presta atenção ou não dá importância aos sinais que nosso corpo nos dá. Uma dorzinha de cabeça ou qualquer outro incômodo nunca devem ser ignorados! Nosso corpo é muito legal, ele nos avisa de que algo não vai bem. Por isso, precisamos atendê-lo. Se cuide!
Referências
¹ MACEDO, Cristiane Rufino de. Bruxismo do sono. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, v. 13, n. 2, p. 18-22, 2008.
² SHETTY, Shilpa et al. Bruxism: a literature review. The Journal of Indian prosthodontic society, v. 10, n. 3, p. 141-148, 2010.
³ POSSELT, Ulf. The temporomandibular joint syndrome and occlusion. The Journal of prosthetic dentistry, v. 25, n. 4, p. 432-438, 1971.
⁴ LOBBEZOO, Frank et al. Principles for the management of bruxism. Journal of oral rehabilitation, v. 35, n. 7, p. 509-523, 2008.
⁵ LAVIGNE, G. J. et al. Bruxism physiology and pathology: an overview for clinicians. Journal of oral rehabilitation, v. 35, n. 7, p. 476-494, 2008.
⁶ LONG, Hu et al. Efficacy of botulinum toxins on bruxism: an evidence-based review. International dental journal, v. 62, n. 1, p. 1-5, 2012.
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