Você sofre com o ressecamento vaginal? Além do desconforto na região, o ressecamento pode vir acompanhado de perda de libido, dores e sangramentos durante a relação sexual, coceira e ardência e frequentes infecções urinárias.
Por que isso acontece? Na maior parte dos casos, a secura atinge mulheres na menopausa, devido à redução na produção de estrogênio ¹, o hormônio feminino, que ocorre nesse período.
As paredes da vagina são naturalmente recobertas por uma fina camada de umidade que, além de lubrificar a região e deixar as relações sexuais mais confortáveis, proporciona um pH ideal para que os espermatozóides possam fecundar o óvulo.
Com a diminuição na produção de estrogênio na menopausa, as paredes da vagina se tornam mais finas e, portanto, há menor secreção de umidade, causando o ressecamento.
Além da queda de estrogênio, outros fatores estão relacionados com o ressecamento da vagina, como uso de alguns medicamentos, tabagismo, depressão, estresse, ansiedade, redução do fluxo sanguíneo e desidratação ². A ducha íntima também pode causar ressecamento – lembrando que ela não é recomendada por ginecologistas.
Como não queremos nenhum desses sintomas desagradáveis, além do constrangimento com os parceiros sexuais que o ressecamento vaginal pode causar, existem alguns tratamentos disponíveis. Vamos falar deles!
O uso de hidratantes e lubrificantes ³ na vagina, além da terapia de reposição hormonal são as opções de tratamento mais conhecidas. O laser vaginal de CO2 fracionado é um procedimento mais novo, que vem agradando muitas pacientes.
Mas você sabia que certas vitaminas, algumas delas velhas conhecidas nossas, podem ajudar a prevenir o ressecamento e aumentar a lubrificação vaginal? E que outras podem ser usadas como supositório?
Confira a lista:
Vitamina D
Além de todos os seus outros benefícios muito conhecidos (e que falaremos em um outro post), uma revisão ⁴ indica que a vitamina D também pode ajudar a reduzir o ressecamento vaginal.
Outro estudo ⁵ demonstrou que um maior nível de vitamina D no sangue das pacientes com menopausa estava associado a uma maior umidade e melhor consistência do tecido da vagina.
Grande parte da vitamina D que nosso corpo precisa é obtida por meio da exposição a raios solares (feita com moderação para não danificar a pele e provocar o envelhecimento), mas o uso de suplementos orais podem ser um grande aliado para atingirmos níveis satisfatórios dessa vitamina.
Vitamina E
A vitamina E atua como antioxidante, evitando que radicais livres causem danos às nossas células, além de prevenir doenças. Obtida pela alimentação, em produtos como óleos vegetais e frutos secos, alguns estudos indicam que seu uso como supositório pode melhorar a atrofia e o ressecamento vaginal.
É o que revela um estudo iraniano ⁶ realizado com 52 mulheres na pós-menopausa. O uso de supositório de vitamina E por 3 meses seguidos melhorou a atrofia vaginal das pacientes. Ainda não há estudos que comprovem que a suplementação oral de vitamina E tenha o mesmo efeito.
Ácido hialurônico
Queridinho do skincare, o ácido hialurônico é responsável por dar estrutura à nossa pele, mantendo-a com aspecto jovem, hidratada ⁷ e com volume.
Alguns estudos demonstraram que seu uso combinado com outras substâncias, como a vitamina E, ajudam a aumentar a lubrificação feminina das pacientes, tanto como suplementação oral ⁸ como na forma de supositório ⁹.
Óleo essencial de espinheiro marítimo
Apesar de pouco conhecido, esse óleo também pode ser utilizado para combater o ressecamento vaginal, como revela um estudo finlandês ¹⁰.
Realizado com mais de cem mulheres na pós-menopausa que sofriam com ressecamento vaginal, os pesquisadores concluiram que as mulheres que consumiram três gramas de óleo de espinheiro marítimo durante 3 meses, apresentaram melhora significativa em aspectos do tecido vaginal em comparação com mulheres que receberam apenas placebo.
Derivado das folhas de Hippophae L., é rico em ácido linoleico e protege a pele contra a desidratação. Embora seja um pouco mais difícil, esse óleo pode ser encontrado em algumas lojas mais específicas de produtos naturais.
Óleo de peixe
O óleo de peixe, proveniente do tecido de peixes gordurosos, é composto por ômega-3, além de outros ácidos graxos que são saudáveis para o coração. A suplementação com esse óleo pode aumentar os níveis de estrogênio ¹¹ na mulher, o que ajuda a prevenir a secura vaginal.
DHEA
A dehidroepiandrosterona, abreviada como DHEA, é um hormônio envolvido na produção de estrogênio e sua síntese é reduzida ao longo dos anos de vida. Por isso, sua reposição é feita para aliviar os sintomas da menopausa, inclusive para reduzir o ressecamento e aumentar a lubrificação feminina ¹². A compra do DHEA precisa ser feita mediante prescrição médica.
Aqui estão alguns óleos, vitaminas e hormônios que podem nos ajudar a enfrentar o ressecamento vaginal e a falta de lubrificação. Mas vale lembrar, sempre, que se os sintomas nos incomodam, devemos procurar um médico. Somente um ginecologista saberá o que é melhor para o seu caso e qual a dosagem mais adequada. Você merece ser cuidada com o que temos de melhor!
¹ POTTER, N.; PANAY, N. Vaginal lubricants and moisturizers: a review into use, efficacy, and safety. Climacteric, v. 24, n. 1, p. 19-24, 2021.
² GONCHARENKO, Vadym et al. Vaginal dryness: Individualised patient profiles, risks and mitigating measures. Epma Journal, v. 10, n. 1, p. 73-79, 2019.
³ RAHN, David D. et al. Vaginal estrogen for genitourinary syndrome of menopause: a systematic review. Obstetrics and gynecology, v. 124, n. 6, p. 1147, 2014.
⁴ RIAZI, Hedyeh et al. Effect of Vitamin D on the Vaginal Health of Menopausal Women: A Systematic Review. Journal of menopausal medicine, v. 25, n. 3, p. 109-116, 2019.
⁵ BALA, Ripan; KAUR, Harmanpreet; NAGPAL, Madhu. Authenticity of vitamin D in modified vaginal health index in geriatric subjects. Int J Reprod Contracept Obstet Gynecol, v. 5, p. 4119-4122, 2016.
⁶ EMAMVERDIKHAN, Aazam Parnan et al. A survey of the therapeutic effects of Vitamin E suppositories on vaginal atrophy in postmenopausal women. Iranian journal of nursing and midwifery research, v. 21, n. 5, p. 475, 2016.
⁷ PAPAKONSTANTINOU, Eleni; ROTH, Michael; KARAKIULAKIS, George. Hyaluronic acid: A key molecule in skin aging. Dermato-endocrinology, v. 4, n. 3, p. 253-258, 2012.
⁸ ANGELUCCI, Michela; FRASCANI, Federica; GARO, Maria Luisa. Efficacy of an oral supplement containing hyaluronic acid, collagen, glucosamine sulfate, chondroitin sulfate, alpha-lipoic acid, methylsulfonylmethane and vitamins on vaginal dryness in young women. International Journal on Nutraceuticals, Functional Foods and Novel Foods, 2019.
⁹ DOS SANTOS, Carlos Campagnaro M. et al. Hyaluronic acid in postmenopause vaginal atrophy: a systematic review. The Journal of Sexual Medicine, 2020.
¹⁰ LARMO, Petra S. et al. Effects of sea buckthorn oil intake on vaginal atrophy in postmenopausal women: a randomized, double-blind, placebo-controlled study. Maturitas, v. 79, n. 3, p. 316-321, 2014.
¹¹ AL-SHAER, Amani H. et al. Assessing the effect of omega-3 fatty acid combined with vitamin D3 versus vitamin D3 alone on estradiol levels: a randomized, placebo-controlled trial in females with vitamin D deficiency. Clinical pharmacology: advances and applications, v. 11, p. 25, 2019.
¹² LABRIE, Fernand et al. Efficacy of intravaginal dehydroepiandrosterone (DHEA) on moderate to severe dyspareunia and vaginal dryness, symptoms of vulvovaginal atrophy, and of the genitourinary syndrome of menopause. Menopause, v. 25, n. 11, p. 1339-1353, 2018.
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